terça-feira, 21 de julho de 2009

Heranças


Quando somos pequenos as pessoas ficam nos analisando pra ver de quem herdamos o sorriso, a cor dos olhos, o cabelo, as mãos, o nariz... Quando crescemos as pessoas ficam procurando justificativas hereditárias para os nossos defeitos: chata como a mãe, ranzinza como o pai, mal criada como o irmão. Quase nenhuma qualidade nos é atribuída.

Acho que essa história de herança vem com a gente desde pequenininho, né! Depois a gente amadurece, fica adulto, mais observador e começa a olhar pra gente realmente de outro jeito.

Ontem fiquei pensando...o que eu herdei de quem!? Hummmm, complexo isso, né! Pra dizer a verdade fiquei pensando o que eu herdei do meu pai, porque herança é coisa que se deixa pra os outros quando se vai embora. Acho que é na verdade, um presente, uma pontinha de presença física que a pessoa deixa na gente quando nos deixa. É um pedaço vivo de si, espelhado “nagente”.

Não herdei o nariz perfeito do meu pai, mas herdei as covinhas e o senso de humor - a gaiatisse como diz minha mãe – a responsabilidade, a seriedade, as gargalhadas, o poder de falar sério e as pessoas acharem que estamos brincando, e de brincar parecendo que estamos falando sério, os dedos e as unhas dos pés e das mãos, a quantidade de cabelo (mamãe também deu uma cooperada), o andar “dez pras duas”, as orelhas, a vontade de aprender, a fé inabalável, o bom relacionamento com as finanças (apesar de estar meio esquecido nesse exato momento), a dádiva de tirar uma boa lição de tudo o que vem de ruim (pai, ainda não consigo dormir direito quando tenho um problema, essa virtude sua era demais... não perder nenhuma noite de sono.. eu chego lá!!), o coração mole, a bondade, a mão aberta, o bico quando está de mau humor, as respostas rápidas pra tudo, o Santo Expedito na carteira, a folhinha de louro do ano novo, a gana de conquistar e o suspiro fundo e acompanhado de um fechar de olhos quando a gente acha que nada mais vai dar certo e de um “Meu Deus do Céu”, clamando pela ajuda divina.

É, pai. É bem melhor ter herdado todas essas qualidades do que o seu nariz. Ah, se é.

Mas bem que você podia ter me dado ele de quebra, heim!!! Ops, não vou reclamar não, eu podia ter nascido zoiudinha como os Malacco! Deixa isso pra lá. Prefiro minhas outras heranças.

Saudades...muitas, cada dia maiores.

2 comentários:

  1. E o poder de fazer as amigas engasgarem e marejarem os olhos enquanto estao lendo o que escreveu foi herança de quem? Se foi de Seu Malacco eu devia ter conhecido ele pra dizer: Não, Seu Malacco, isso não pode!!!! É melhor o nariz!

    Desejo que suas saudades sejam cada vez menores e as que as heranças sejam cada vez melhores!

    ResponderExcluir
  2. Quase impossível, mas vou usar esse blog pra isso!

    ResponderExcluir