quarta-feira, 22 de julho de 2009

Foi mais ou menos assim...

Começou em dezembro.
Num belo dia minha mãe me ligou preocupada - mas na verdade estava desesperada com meu pai. Ele estava triste e de cama. Como assim!? Nunca tinha visto meu pai doente, a não ser uma gripe passageira, NUNCA teve uma dor de cabeça, acredita!? Pois acredite.

Ele estava reclamando de dor nas pernas e achava que poderia ser uma crise do nervo ciático. Tomou remédios. Natal e ano novo tristes.
Na outra semana – já era janeiro - não teve jeito, levamos a um geriatra indicado por um médico de confiança. Ele confirmou. Era realmente uma crise do nervo ciático combinada com uma anemia. Muitos remédios de bifes de fígado depois e ele ainda estava sentindo dores, sem melhora e emagrecendo.

Bem, dor na perna é com ortopedista, certo!? Então, fomos ao ortopedista. Este olhou e disse que não era nada ortopédico, era um problema clínico e pediu exames: ressonância, raio x e tals.

Mas já era tarde. Ele não conseguia mais andar, não queria comer, estava fraco e já tinha perdido mais de 10Kg. E isso ainda era janeiro.

Um dia eu estava em reunião com um cliente e minha mãe me ligou insistentemente. Meu pai tinha caído - tentou se levantar da cama e não teve forças – um corte na sobrancelha e sangue, muito sangue.

Eu e minha mãe decidimos que era preciso acompanhamento médico em um hospital. Não era normal um homem saudável cair de cama assim.
Mas não tínhamos nem dinheiro e nem plano de saúde. O Hospital Metropolitano, cliente da agência, preparou a equipe e colocou a disposição do meu pai. Fomos pra lá no outro dia.

Meu pai saiu de casa sem saber o porquê de estar indo pro hospital. Não andava e foi preciso colocá-lo sentado em uma cadeira para que Bruno e Rodrigo o levassem para o carro. Estávamos eu e ele no carro. Ele me perguntou cansadamente baixinho o motivo de de estar indo pro hospital. Minha filha, eu vou melhorar, é besteira ir pro hospital.

Ele saiu de casa sem saber que não voltaria mais. E a gente também. Nunca imaginamos que o que ele tinha era tão grave. Câncer. Daqueles violentos que quando dão sinal já estão nos finalmente!

Ele foi internado na Santa Casa no dia 08 de fevereiro. No dia 15 foi pra a UTI – esse foi o último dia que vi meu pai – dia 20 ele faleceu. Insuficiência Respiratória e neoplasia pulmonar.

Deus levou para perto dele uma das pessoas mais importantes da minha vida. Arrancou das nossas vidas uma peça chave, o elo de ligação, o elo do equilíbrio e da paz, sem ao menos nos dar a possibilidade de nos preparar.

Ok, foi melhor pra ele. Não sofreu meses e anos a fio contra o câncer, foi rápido, menos traumático pra ele. Foi melhor assim. Seria egoísmo nosso querer a presença dele mesmo com tanto sofrimento.

Não, ele não merecia isso. E Deus sabia disso. Deu a ele uma morte digna, digna de um homem bom, de caráter, incansável, uma das pessoas mais corretas e íntegras que conheci nessa vida. Fazia pelos outros em detrimento dele mesmo.

Pai, você faz uma falta...você nem imagina. Ainda bem que quando alguma coisa não vai bem, você aparece pra mim, em sonhos, mas aparece. Mata a saudade, mesmo que seja em sonho.

2 comentários:

  1. Fica aquela coisinha martelando num cantinho do peito para sempre né? Mesmo assim ainda podemos pensar neles nos momentos de felicidade.

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  2. Uma coisona.
    Sabe cicatriz de diabético, aquela que não cura nunca... então. É essa, mesmo!
    Nunca cicatriza!

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